Xangô chegou na gira, por meio de tia Olga da Mata, e chamou Tancredo para uma conversa. O orixá lhe deu uma missão: a de proteger os umbandistas. Com a bênção do Senhor das Pedreiras, Tata Tancredo fundou a Confederação Umbandista do Brasil, em 1952, para reunir terreiros que defendiam a Umbanda como uma religião africana - e não como uma vertente do Espiritismo Kardecista, a visão mais corrente naquela época.
Naquela época, Tancredo já era um grande sacerdote. Nascido em 1905, em uma família tradicionalmente ligada às religiosidades africanas, o Papa Negro de Umbanda foi uma figura muito importante para a religião. É o grande nome da Umbanda Omolocô e um defensor dos atabaques, pontos cantados em iorubá, da comida de santo e de todos os elementos que caracterizavam a Umbanda como uma religião africana. De Angola, especificamente.
Tata Tancredo foi o responsável pelo primeiro curso de língua iorubá que se tem notícia do Brasil, e é atribuída a ele a criação das primeiras Festas de Iemanjá do Rio de Janeiro. Foi extremamente corajoso em organizar o evento "Você Sabe o que é Umbanda?", no Maracanã, numa época em que a religião ainda sofria um grande preconceito. Como escritor e colunista de jornal, foi fundamental para mostrar a Umbanda fora dos terreiros.
Tancredo também foi um sambista de primeira linha: um dos fundadores da União das Escolas de Samba do Rio, assim como de várias escolas e blocos. Compôs muitos sucessos, sendo o mais famoso o samba "General da Banda", gravada originalmente pelo cantor Blecaute e regravada por Elis Regina.
O grande babalaô morreu em 1979, deixando um legado enorme não somente para Umbanda, mas também para o samba e toda a cultura de negra do Rio de Janeiro.
__Referências:
Pequena biografia feita pelo site do Templo Espiritual Pantera Negra.
O artigo "Tem Angola na Umbanda?" dos historiadores Joana Bahia e Farlen Nogueira .